A história do cobrador de impostos é também um pouco da nossa história. Como ele, descobrimos o que a experiência da pobreza, da inquietude, da fragilidade, do proceder incerto da traição e o seu retorno da são uma irrenunciável dimensão da nossa existência. Até suspeitamos que, no fundo, seja esse o nosso retrato mais autêntico. Assim é, não obstante os frequentes abalos da nossa onipotência e as decisões que parecem mover as montanhas.
Consola o comentário que Jesus faz à parábola: " Asseguro-vos que o cobrador de impostos retornou para sua casa perdoado; o outro, ao invés, não. Porque quem se exalta, será humilhado, quem se humilha será exaltado" ( Lc 18,14 ).
Dos fariseus, temos um impulso para falar mal, dizendo que são falsos e pretensiosos. A história que Jesus nos conta não diz isto. O juízo crítico de Jesus está no estilo global da vida: a pretensão de resolver os problemas da existência, aumentando o índice do empenho é a pretensão de fazer tudo sozinho. O abraço de Jesus para com o pobre cobrador de impostos não é devido ao fato que era um pobre pecador. A sua atitude se justifica no confiar num transcendente, fora da sua vida , capaz de segurar o seu grito de invocação.
Tanto o fariseu como o cobrador de impostos reconhecem ter limites para superar. E são essas experiências que nos perturbam sobre a existência de cada pessoa. No desejo de uma nova vida, as estradas das suas vidas seguem vias diferentes. Um bate na estrada do empenho; outro na estrada da confiança.
Faz-nos entender que existem verdadeiramente dois modos de ser homem ou mulher, dois modos de ser de definir a qualidade da própria identidade: O da presunção, da certeza, onde são claros o empenho e a traição e o dos dois braços trêmulos, elevados aos céus, na esperança de encontrar dois braços fortes para agarrar.
Agrada-nos a escolha do cobrador de impostos. Causa-nos alegria saber o quanto ele é caro para Jesus.
Agrada-nos o modo de vida do cobrador de impostos como tentativa de descrever adequadamente um pouco da nossa vida: A experiência do fim.
É um dado comum, do qual ninguém escapa. Podemos tentar sair através da pretensa presunção de fazer tudo sozinho, aumentando eventualmente a dos do empenho. Na experiência do finito podemos também sucumbir: quando se torna motivo de desespero e quando se embriaga de desempenho e de estrondo.
Porém podemos aprofundar na invocação, em companhia do cobrador de impostos da parábola.
Quem sabe viver assim a experiência de finitude, como verdade de si mesmo, eleva ao Senhor o grito de sua vida, encontra a alegria de viver e a liberdade de esperar. Reconhecer o poder de invocar o seu Senhor, não porque tem alcançado a perfeição, mas porque se tem o desejo de transpô-lo. Somente Ele é o fundamento, a razão da própria vida.
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